Depois de quase uma hora À espera de ser atendido por um médico, não aguentei e fui embora. Não admito ter que ficar à espera tanto tempo por uma consulta que foi previamente agendada. Os médicos poderiam colocar em prática acções simples no atendimento aos seus pacientes como o respeito pelo horário da consulta, acolhimento, sorriso, atenção e ética nas atitudes profissionais.
Como catequista eu não padeço deste mal. Meus encontros de crisma iniciam às 9h, pontualmente, e terminam às 10 horas. Nem um minuto a mais e nem a menos. Precisamos aprender a cumprir o horário também nos encontros da catequese. Desenrolando mais ainda o meu rosário de lamentações contra aquilo que eu defino como “má comunicação”, fico “embasbacado” com a falta de atenção de alguns comerciantes no tratamento com os seus clientes.
Estava a precisar urgentemente de um computador novo para o meu escritório. Na loja de informática, depois de muita negociação, chegamos a um acordo quando a forma de pagamento e entrega do produto. A promessa era de que o computador seria entregue em 10 dias úteis. Passou o prazo combinado e nada, nenhuma ligação da loja, nenhum contacto. Resumindo: meu computador foi entregue depois do prazo acordado, não sem antes eu ter feito inúmeras ligações para a loja para pedir explicações e entregaram a máquina errada.
Problemas que poderiam ter sido amenizados com uma comunicação mais eficiente. Ainda sobre o episódio do computador, o dono da loja disse-me que estava implementando na sua empresa o programa de qualidade conhecido como 5s. Disse-me isso com o maior orgulho mostrando a sua preocupação com a qualidade dos serviços, o respeito aos clientes e com a preparação dos seus colaboradores visando a qualidade total no serviço.
Na prática, porém, a qualidade revelou-se falível em pequenas coisas, como a ausência de um simples telefonema para me informar sobre o atraso na entrega do produto comprado.
E é assim mesmo que as coisas funcionam. A maioria das pessoas e organizações tem problemas com a comunicação e isso serve também para a nossa caminhada pastoral. Tente ser cliente de um advogado qualquer e saberá que eles não são preparados para a comunicação, embora o seu principal produto devesse ser a comunicação. Consultem médicos e saberão que eles pouco se preocupam com um bom atendimento e muito menos com coisas simples como um sorriso, um atendimento pontual e até mesmo uma ligação para informar ou lembrar sobre a consulta marcada. Se falhar, nem nos seus olhos eles olham. A faculdade prepara-os para serem médicos robôs, e não médicos humanos.
E a nossa comunicação na catequese, como funciona?
Qual a nossa prática de pequenas acções para que a nossa comunicação seja mais eficiente com os pais, catequizandos, colegas catequistas e com a comunidade em geral?
Fazemos dos nossos encontros “desencontros” onde um dia a catequese começa atrasada e no outro, termina depois do horário?
Passamos o ano inteiro com os filhos dos outros em nossos encontros semanais e não sabemos ao certo, quem são os seus pais, o que fazem, pensam, quais seus dilemas, pois nem nos dignamos a fazer uma simples ligação para eles?Nem uma carta? Nem um e-mail? Nem uma reunião durante um ano inteiro?
Trocamos ideias e experiências com os outros catequistas ou os tratamos simplesmente como colegas?
O programa de qualidade “5s” que o proprietário da loja de computadores se referiu nada mais é do que um conjunto de cinco conceitos simples que, ao serem praticados, são capazes de modificar o seu humor, o seu ambiente de trabalho, a maneira de conduzir suas actividades rotineiras e as suas atitudes. O Programa foi consolidado no Japão a partir dos anos 50 e foi responsável por toda a reestruturação das empresas japonesas que haviam sido completamente destruídas no período pós 2ª Guerra.
O Programa demonstrou ser tão eficaz enquanto reorganizador das empresas e da própria economia japonesa que, até hoje, é considerado o principal instrumento de gestão da qualidade e produtividade utilizada naquele país. São eles, os cinco “S” da qualidade: Senso de selecção, de organização, de limpeza, de higiene e de manutenção da ordem.
Que tal um programa semelhante ou pelo menos, parecido na catequese?
Artigo de Alberto Meneguzzi
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