A festa junina que celebramos hoje em dia é herança de séculos passados. Ela foi originada na cultura dos agricultores que celebravam anualmente com comida e danças a colheita dos produtos plantados. Associou-se a esse costume influencias da cultura religiosa e luso-europeia. Os santos católicos foram associados à festa junina devido a sua popularidade e sua data litúrgica ser celebrada no decorrer desta festa. Inclusive, o nome “junino” advém do nome de “Juno” um dos deuses pagãos e que dele deriva o nome do sexto mês em nosso calendário, como todos os outros meses.
Associada então a festa junina a festa litúrgica e mais alguns elementos culturais europeus completa-se o que denominamos de “Festa Junina”. Tudo isso aconteceu de modo natural e no longo processo de enculturação quando a sociedade ainda era predominantemente rural. Não sabemos exatamente como tudo isso aconteceu e o fenômeno é complexo, de modo que, ele varia de região para região, e tem em cada lugar rosto e características próprias.
O que temos hoje é um emaranhado de culturas configuradas numa só: folclore, costumes, danças, comidas, formas de falar, de vestir, de se expressar. Por trás de tudo isso, uma religiosidade própria dá consistência e que extrapola até mesmo os limites da religião e da liturgia estabelecida, tendo sua própria regra de celebração, simbolismo e compreensão do sagrado.
A festa junina hoje é uma expressão popular de uma cultura anterior e que enfrenta e abre leque para muitos desafios no mundo moderno. Mediante a cultura do fragmentando, do obsoleto, do economicamente rentável, das relações interpessoais efêmeras, da musica com conteúdos vazios e com linguagem e roupagem nova, ela é uma resistente e politicamente manipulável perante a população.
Mas, diante de tudo isso, ainda sim, é uma cultura popular que consegue aglutinar em torno de si multidões e celebrar a fraternidade, a amizade, os sentimentos de família, de reciprocidade e alegria da vizinhança (graças ao seu caráter comunitário), de fomentar nostalgia, de reciclar sonhos, de questionar posturas, de fincar raízes e não esquecer as raízes de onde viemos: o chão rural. Por tudo isso, a festa junina é uma grande profecia popular e se presta às novas reinvindicações sempre velhas da geração atual.
Então, vamos festejar, e aqui, façamos uma reflexão do significado de sua simbologia mais rudimentar.
Comidas – são típicas do mundo rural: pamonha, canjica, cuscuz de milho original, etc; Elas são a alegria e o principal ingrediente originado da colheita do milho;
Fogueira – fogo com galhos de madeira. Em torno dela se faz folia, compromissos (compadre/comadre) e juras de amor. Porém segundo a tradição (que não é a Tradição oficial) serviu de aviso entre Isabel e Maria quando do nascimento do menino João Batista;
Quadrilha – essa palavra é derivada do francês – quadrille – e se origina do italiano – squadro – que por sua vez significava a companhia de soldados dispostos em quadrado. Na festa junina ela é então uma forma de organizar a dança comunitária de um grupo, como também é o próprio ato de dançar em si. Dessa maneira não se distingue o ato de dançar e organizar o grupo, tudo é uma coisa só. Essa dança então segue todo um ritual próprio com gestos faceiro e galante;
Balões e bandeirinhas – são usados como enfeite e são símbolos da leveza, de alegria e da fraternidade além fronteira. Eles dão um colorido especial a festa;
Bacamarteiros/Bacamarte – é uma presença alegórica e folclórica. Diverte o povo por sua bravura e coragem promovendo barulho com sua arma/artilharia. Bacamarte é uma arma de fogo também conhecida por riuna, principalmente, no Nordeste brasileiro. Elas foram usadas na Guerra do Paraguai, em 1865. Desde os fins do século XIX, grupos de bacamarteiros se exibem em nossa cidade aqui, em Caruaru, durante as festas juninas;
Santo Antônio – é doutor da Igreja. Nasceu na cidade de Lisboa em Portugal no ano de 1195. Seu nome próprio é Fernando de Bulhoes y Taveira de Azevedo. Ele foi padre e depois foi da ordem de são Francisco, onde trocou de nome. Foi grande pregador do século XIII. Sua popularidade chegou ao Brasil através do portugueses e dos franciscanos. Hoje, há muitas histórias misturadas com lendas pitorescas.
São Pedro – discípulo de Jesus, é considerado pela Igreja o primeiro papa. Morreu mártir em Roma pregado numa cruz de cabeça para baixo. Pedro era natural de Betsaida na Galileia próximo as margens do mar de mesmo nome. Ele e André são filhos de Jonas. Eram pescadores e possuíam uma pequena frota de barcos.
São João Batista – Filho de Isabel e Zacarias foi preso, cortado a cabeça e morto pelo rei Herodes. Profeta natural da Judéia, é primo de Jesus. Sua missão foi preparar o povo para o Messias que estava chegando: Jesus de Nazaré.
Ao celebrarmos os festejos juninos, tenhamos em mente que fé e cultura estão de braços dados fazendo a alegria do povo. Prestemos atenção na configuração da festa e vejamos também como a politica, a ecologia, a economia, o lazer, a moral, os costumes e as perspectivas aí se encontram. Que possamos juntos nos divertir, saborear bons pratos, vivenciar a espiritualidade interiorana do povo do campo mesclado com a cidade e, buscar em meio a tudo isso, forças para enfrentar o cotidiano da vida diária nos momentos posteriores a grande festa cultural do povo nordestino.
Fonte: http://bibliaecatequese.com/
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